Hoje fui mordida por um cachorro, pequeno. Foi tudo muito rápido, havia nadado antes e estava começando a correr. Fui mordida 4 minutos após começar a corrida.
Então fui logo ao centro médico e fiz os procedimentos de cuidado necessários: limparam a ferida, tomei uma injeção, etc. Saí dali, almocei algo que aqui (na Galícia, Espanha) chamamos de “menu” (um pouco parecido ao nosso “PF” – prato feito) e depois finalmente voltei pra casa.
Sentia a necessidade de me recuperar do susto, de relaxar e “soltar”. Ficar quietinha sentindo o corpo e mente entrarem em harmonia novamente. E assim o fiz.
Cheguei e me deparei com as florzinhas silvestres que plantei há um ano (colhidas numa rua aqui perto) e que hoje estão embelezando a entrada da casa – é lindo acompanhá-las diariamente abrindo-se com o sol, e fechando-se nas noites, frias.
Enfim deitei-me no chão de cimento, próxima ao canteiro delas, a beleza delas me acalma. Ali fiquei: relaxando e soltando meu corpo no cimento quente, já que estamos no inverno e deitar no cimento quentinho é realmente algo que ajuda a gente a se soltar. Então ali fiquei, meio “yin”, e observava desde o chão o ângulo por debaixo das minhas lindas florzinhas. E então fiz as fotos desse post.
Refletia que era bom poder descansar, soltar e relaxar após o susto da mordida do cãozinho bravo. E que não só é ótimo, mas necessário (quase “um direito” como ser humano) soltar, descansar e relaxar após qualquer susto, pequeno ou grande, ou um trauma maior.
Pensava também que era sortuda por poder descansar quietinha e que muitas pessoas estão em situações catastróficas, de dor, de perigo, guerra, desastres naturais (como aconteceu na minha cidade de Petrópolis há um mês) e essas pessoas simplesmente nunca puderam “descansar após o susto”, soltar suas tensões, relaxar o corpo. Assim como as pessoas que estão na Guerra na Ucrânia nesse momento, tensas, contraídas, encolhidas, com medo, fome e frio.
Óbvio que minha dor por essas pessoas é muito maior do que a dor física de ser mordida por um cachorro pequeno e vacinado.
Enfim, fica o ângulo das flores que me acalmam. Suas cores, contrastando com o céu azul de inverno.